Hoje, decidi falar de fobias. Ou melhor, decidi confessar as minhas fobias. Não é o medo do escuro, medo de andar de avião, medo do que possam pensar. Não. São medos elevados ao cubo.
Na wikipédia, encontramos: «Fobia (do Grego φόβος "medo"), é o temor ou aversão exagerada ante situações, objectos, animais ou lugares. A fobia caracteriza-se pelo pavor desmedido de quem a tem, que mesmo sabendo do carácter ridículo ou inofensivo de seus medos, não consegue controlar-se. Muitas pessoas sofrem de vários tipos de fobias simultaneamente; mas, felizmente, alguns tipos de fobias já podem ser tratadas com procedimentos psicológicos adequados.»
Assim, mesmo sabendo do carácter ridículo ou inofensivo dos meus medos, confesso que não consigo controlar-me em duas situações particulares. Neste caso, poderei dizer que tenho um semi-problema de 'Entomofobia' - medo de insectos - e um quase-absoluto-problema de 'Altofobia' - medo de alturas.
No caso dos insectos, considero um problema parcial, pois existe um conjunto de espécies que não me afectam, caso das formigas, moscas e joaninhas. No entanto, apresento imagens dos seres que são capazes de me provocar reacções incontroláveis ou ridículas, tipo, saiam da frente que eu estou a fugir e a bater-me no corpo com as mãos.
Por grau decrescente de pânico, indico o gafanhoto e a barata. Isto implica que em casa e no carro, as janelas estejam sempre fechadas (medida anti-gafanhoto) e a casa tenha sido adquirida numa zona nova da cidade de Faro (medida fundamental anti-barata).
Em relação ao gafanhoto, quando olho para imagem dos miúdos a correrem no meio deles, penso que nem com um fato de astronauta conseguiria fazer o mesmo. Aliás, embirrava com a ‘Abelha Maia’ sempre que aparecia um tal de ‘Flip’ pois achava impossível poder simpatizar com um gafanhoto saltitão.
Quanto à barata, lembro-me quando vim para Faro e aluguei uma casa na parte baixa e antiga da cidade. Bem, ainda consegui matar uma com uma lista telefónica. As restantes, ficaram elas a pagar a renda ao senhorio porque eu pirei-me para bem longe.
Com isto, só me lembro daquele senhor num concurso muito triste que dizia para o apresentador que tinha um lagarto na mão: "Ai, ponha, ponha, ponha!". É ridículo, eu sei, mas na verdade, seria incapaz de viver no campo. Neste momento, aqueles que estiveram ou viveram em África devem estar a dizer entre os dentes – “havias de lá ir para saber o que são insectos grandes”.
Em relação às alturas, o problema não é total, porque consigo ir à varanda de um 5º andar. Atendendo a que aqui não há arranha-céus, a coisa até que funciona.
Um dia, estava eu em Paris - dito assim até parece que sou muito viajado - e alguém disse: "vamos à torre?", "torre? qual torre? - como se não soubesse". Vista de longe, nem parece muito alta. O primeiro elevador até passou rapidamente. Agora o segundo...tipo na vertical e cheio de vidro...bem, estávamos em Janeiro e fazia um frio de rachar. Quando chegámos ao topo da dita torre, as minhas mãos vertiam suor e a roupinha interior podia-se torcer. Encostei-me à primeira parede que encontrei e tentava fazer uns movimentos com a cabeça em sinal de concordância com a linda vista que os meus companheiros estavam a apreciar.
E quando fui à Madeira e armado em corajoso, disse: “vamos no teleférico!”. Devia estar maluco na altura. Nunca imaginei que um teleférico pudesse ter tanto vidro. Na subida, a meio do trajecto, nem sei como não me saltou o enorme pequeno-almoço do hotel. Acho que os meus dedos ficaram marcados para sempre no banco do teleférico, tipo ‘aqui esteve um altofobo’.
Sim, tenho fobias que me provocam atitudes ridículas. Estarei sozinho?
Notas: Deixo aqui o link para o vasto conjunto de fobias indicado na Wikipédia. No meio desse vasto conjunto de fobias, indico estas pérolas:
Cacofobia - medo de pessoas feias; Fronemofobia - medo de pensar; Mitofobia - medo de mitos, histórias ou declarações falsas; Autodisomofobia - medo de alguém com cheiro horrível